Quando me olha na rua
Segura o ar nas narinas
Em frangalhos, quase nua,
Esqueléticas, franzinas...
Com medo atravessa a praça
Julgando-nos uma ameaça. Segura o ar nas narinas
Sei que é forte o meu cheiro,
Odor de cola e chiqueiro.
Nem vê que na minha idade,
A droga mascara a fome.
Você sabe o meu nome?
-Lixo da sociedade.
Você não sabe o que é ter,
Você não sabe o que é ter,
Por banheiro areia e mar
Por cama o duro chão,
Por edredom papelão
Comer migalhas de pão,
Para a fome mascarar.
Alguma vez se tocou,
Alguma vez se tocou,
Que ao nascer encontrou.
Carinho, afeto, atenção.
Travesseiros bem macios,
Mantas aquecidas pro frio
Mesa farta e educação?
Filhos bem alimentados,
Filhos bem alimentados,
Brinquedos só importados,
Ricas e grandes escolas!
Não sei escrever meu nome
E para matar a fome
Cato o lixo e peço esmolas
Você não sabe o que é ter...
Você sabe o que é olhar,
Você não sabe o que é ter...
Você sabe o que é olhar,
Pras mesas ricas de um bar,
Enquanto a fome rodeia?
Em vez do rico ladrão
Por um pedaço de pão,
Pego FEBEM ou cadeia?
Já parou para pensar
Se por ironia ou azar
Por sorte ou desatino.
Eu nascesse no conforto,
Você na lama com esgoto
Só por troca do destino?
Você não sabe o que é ter...
Pra conhecer o meu drama
Você não sabe o que é ter...
Pra conhecer o meu drama
Porque ninguém sobe a lama
Sentir na pele o horror:
De um desumano chiqueiro
Respirar o forte cheiro
De lama, lixo e suor ?!
A chuva molhando o chão
A chuva molhando o chão
Barraco de papelão
Nada tendo pra comer?
Sou obrigado a pedir
A minha escola é mentir
Meu livro – SOBREVIVER.
Jailda Galvão Aires 07/03/2013
A minha escola é mentir
Meu livro – SOBREVIVER.
Jailda Galvão Aires 07/03/2013
5 comentários:
JAILDA, um poema da melhor preciosidade, retrata a situação dos miseráveis por esse mundo afora, quanta sensibilidade na narração dessa realidade nua e crua, que muitos sabem existir, mas fingem não ver.
ANTONIO AIRES disse...
JAILDA, um poema da melhor preciosidade, retrata a situação dos miseráveis por esse mundo afora, quanta sensibilidade na narração dessa realidade nua e crua, que muitos sabem existir, mas fingem não ver.
11 de março de 2013 11:36
ANTONIO AIRES disse...
JAILDA, um poema da melhor preciosidade, retrata a situação dos miseráveis por esse mundo afora, quanta sensibilidade na narração dessa realidade nua e crua, que muitos sabem existir, mas fingem não ver.
11 de março de 2013 11:36
ANTONIO AIRES disse...
JAILDA, um poema da melhor preciosidade, retrata a situação dos miseráveis por esse mundo afora, quanta sensibilidade na narração dessa realidade nua e crua, que muitos sabem existir, mas fingem não ver.
11 de março de 2013 11:36
Anônimo ANTONIO AIRES disse...
JAILDA, um poema da melhor preciosidade, retrata a situação dos miseráveis por esse mundo afora, quanta sensibilidade na narração dessa realidade nua e crua, que muitos sabem existir, mas fingem não ver.
11 de março de 2013 11:36
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