segunda-feira, 13 de setembro de 2010
O ALFHA
Nem mesmo o princípio.
Nem espaço, nem tempo, nem gravidade, nem som.
Nem núcleos em células vivas ou mortas.
Nem vida, nem morte, nem cosmo, nem estrelas.
Nem o Ser que se fez carne e habitou entre nós.
No princípio...
Nem o céu em cima
Nem a terra em baixo,
Nem o céu sob a terra.
Nem pedras, nem rosas
Nem luz, nem caminhos
Nem átomos, moléculas, núcleos, oxigênio...
Nem mesmo matéria inanimada
Ou a mais reles substância orgânica.
No princípio...
Nem sopro de vento, raios de sol
Nem ontem, nem hoje, nem amanhã e nem depois.
Nem pássaros, pirilampos, sapos coaxando
Nem estradas cósmicas e empoeiradas.
Transplantes de cérebros e corações.
Nem o líquido da memória visível aos olhos.
Nem o homem máquina destruindo o amor.
No princípio...
Nem o princípio da contradição.
Nem o então, nem o agora, nem o ser ou o não-ser.
Não existia um só mundo nem mundos paralelos,
Nem mesmo o tudo para contrariar o nada.
Nem a matéria, nem a antimatéria.
Nem paz, nem guerra, nem o outro lado do meu eu.
O tempo dormia nos braços do Eterno.
E só o vazio circundava.
Nada existia no lugar do nada
A treva se ocultava na própria escuridão,
Até o Uno aparecer pelo seu próprio poder.
Do Verbo nasce o princípio de tudo
As galáxias, a terra, os seres viventes.
O mar, os dias e as noites
Tudo criado por uma simples ordem: Faça-se.
E tudo se fez.
O tempo tornou-se universal
E assumiu medida de eternidade.
Do sopro vital, emoldurado o barro,
Nasce o homem à imagem do Grande EU SOU.
Na mente pensante, mistérios, dúvidas, perplexidades.
Onde começa e termina a infinitude do infinito?
Entrelaçados por prodígios, milagres e profecias.
O Verbo testemunhou o Antigo e o Novo Testamento,
E o Criador se eternizou e entronizou na história,
Como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.
Glória, Onipresença, amor, Eternidade, Onisciência.
A Trindade fundiu-se na Unidade da mesma Essência.
(Itabuna-Bahia -1971 - FAFI )
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
APELO (ALBAP-05/06/19)
Não basta um sorriso
Não basta uma canção.
Faz tudo o que eu quero.
Pois todas são minhas
Traz o céu se puderes
Traz rosas encarnadas
Perfume dos bosques
Borboletas douradas
Traz guizos e sinos
Gorjeios de pássaros
Sorrisos de noivas
Envolve a esperança
Bordada com sonhos
Em passos de dança
Rouba do sol o esplendor
Traz o mundo, o impossível
Mas faz o possível
De não esquecer teu amor.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
MEU CANTO
terça-feira, 7 de setembro de 2010
O Homem entre a Estrela e o Micróbio
O homem entre dois extremos: o infinito e o nada
foi feito do nada
do mesmo nada que se fez o infinito.
temeu o mar, a escuridão da noite
os animais ferozes e os peçonhentos letais.
tremeu ante o trovão e a chuva de raios incandescentes.
sem compreender o mal temeu a própria sombra.
uniu forças vivendo coletivamente.
mirou o céu pontilhado de estrelas
passando a contá-las sem sequer tocá-las.
ante de tantos mistérios:
de onde veio, para onde vai,
da vida e da morte, do ser e do imprevisto,
passou a crer que nada existia,
mas ao se sentir pensante, desmistificou-se
e reconheceu: “Se penso logo existo.”
descobriu a dualidade entre opostos:
do grande ao pequeno
do forte ao fraco
da dor profunda ao sublime orgasmo
da beleza das cores a palidez do deserto
das flores e dos espinhos que as ampara,
do amor que unifica ao ódio que separa.
Diante de cenários inexplicáveis
a morte desejando vida e vidas desejando a morte.
germes, vermes, bactérias, e opróbrios
infestam a carne, o pensamento, e a alma.
o microcosmo a destruir o macrocosmo
o homem galga a estrela mas não esmaga o micróbio.
travam-se a batalhas e avança a ciência
vacinas extraídas do veneno
vida em tubos de ensaio
inseminação artificial
transplantes de coração
quimioterapias
emancipação feminina
a luta entre o bem e o mal.
encurta distâncias e diminui o tempo
pisa a lua que antes só pousava em sonhos
Apaixonado pela própria inteligência
agiganta-se com o poderio bélico
destrói cidades com cogumelos radioativos
vangloria-se, divide, escraviza e se ufana!
que dizima milhões de seres
despoja-se do semideus e veste-se de insignificância
está novamente entre a estrela e o germe.
mas, vencido pela bactéria, rasteja pequeno. Como um verme.
(Itabuna-Bahia FAFI/ 1971)