Mas um dia que passa
Em que eu nada fiz
E nada refiz
Gazeei o tempo
Corri atrás do nada
Engavetei o pensamento
Não ouvi o ruído das horas
O girar dos ponteiros,
O voar dos segundos
E no meu mundo
O hoje, já era outrora.
O dia passou qual o vento
Um vento nostálgico
Com cheiro de morte
Com gosto de nada
Só o cinza das sombras,
Nas entranhas da alma
E a lua curvada
Olhava pra Terra
Pra terra molhada
De lágrima e dor.
Minha alma enterrada.
Entre nuvens errantes
Cinzentas, uivantes
A lua minguou,
Esvaiu. Se escondeu.
Ninguém me ouvia
Ninguém estava ali
Na noite de breu.
Dormir eu queria
Esconder-me no sono
Refugiar em mim mesma
No colo que é meu
Nenhum vaga-lume
Mostrava seu lume
Só trevas. Eu vi.
Eu juro que vi.
Vi um vírus mortal
Armado pra guerra
Borrifar toda a Terra.
Extermínio total.
E a Terra indefesa
Mirou o futuro,
Saindo do escuro
Num plano genial.
Não se deu por vencida
E o DNA da vida
Armazenou num dedal.
Rio, 27/05/2020 Jailda G. Aires