domingo, 6 de dezembro de 2020

PAI, PORQUE CRIASTES O HOMEM?

Nem mesmo irrompeu a linda aurora.

O sol que tudo anima clareia o horizonte.        

-Porque esta tristeza, oh senhora?               

- Porque esta vontade em fugir. Pra onde?

Os raios surgem sobre os verdes montes

Rendando as folhas com seus fios dourados 
Na mata inteira um cantar sonante  
Belas plumagens a voar alados

 

Mas longe, bem distante, a mata em chama, 
Sacode em desespero. Tudo inflama 
Clareia o chão.  Enegrece a atmosfera.

 

Animais em brasa. Um calado canto 
Flores queimadas no sangrado manto. 
- Deus, porquê criaste a desumana fera?

     Rio, setembro de 2020. Jailda Galvão Aires



domingo, 8 de novembro de 2020

ODE À CORA CORALINA

  • Cora Coralina 

    dois séculos

    mil poemas

    O eu versado

    cravado em pérolas

    água corrente

    ora revolta

    ora serena

     

    Cora Coralina

    mulher guerreira

    Do campo, a flor

    do fogo, o mel

    cravou nos versos

    a dura lida

    da colher - a lira

    Do lápis, amor.

     

    Cora Coralina

    transpôs as guerras

    bravura - o terço

    do amargo - o favo

    dos nãos - o sim.

    chorou, sorriu

    cantou a vida

    eternizou-se em versos.

     

    Cora Coralina

    Escola - a lida

    diploma - a vida

    se fez "Doutor

    Honoris Causa"

    E Muito Mais

    ganhou o mundo

    com "Os Becos de Goiás

     Rio, Jailda Galvão Aires.


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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

PRIMAVERA SEM POESIA

Primavera, eu não consigo agora,

Cantar-te em versos os teus encantos

Olho o céu onde desponta a aurora,

Só vejo cinzas no azulado manto

 

A fera humana, a pior das feras,

Indiferente à dor dos animais

Queima os campos ampliando as terras

Infringe as leis do Ibama e da Funai.

 

Animais queimados, buscam abrigo

Famintos e sem água caem abatidos.

Aves abandonam o ninho antigo

Não há mais cantos. Só uivos e gemidos.

   

Árvores centenárias caem em chamas.

Sobre o verde coberto de mil cores

Frutos silvestres queimam sobre as ramas

Nem insetos, nem feras e nem flores. 

 

Aves carniceiras adentram a guerra 

Comendo a morte da cruel usura 

Índios recuam perdem suas terras 

Como viver da singular cultura?


Biodiversidade, a maior do mundo, 

  Coração verde. O pulmão da Terra  

O Pantanal sem vida, moribundo... 

- Como cantar-te em versos, primavera? 

     Rio, 22/09/2020. Jailda Galvão Aires