Primavera, eu não consigo agora,
Cantar-te em versos os teus encantos
Olho o céu onde desponta a aurora,
Só vejo cinzas no azulado manto
A fera humana, a pior das feras,
Indiferente à dor dos animais
Queima os campos ampliando as terras
Infringe as leis do Ibama e da Funai.
Animais queimados, buscam abrigo
Famintos e sem água caem abatidos.
Aves abandonam o ninho antigo
Não há mais cantos. Só uivos e gemidos.
Árvores centenárias caem em chamas.
Sobre o verde coberto de mil cores
Frutos silvestres queimam sobre as ramas
Nem insetos, nem feras e nem flores.
Aves carniceiras adentram a guerra
Comendo a morte da cruel usura
Índios recuam perdem suas terras
Como viver da singular cultura?
Biodiversidade, a maior do mundo,
Coração verde. O pulmão da Terra
O Pantanal sem vida, moribundo...
- Como cantar-te em versos, primavera?
Rio, 22/09/2020. Jailda Galvão Aires