quinta-feira, 25 de agosto de 2011

QUEM PLANTA COLHE

                A mágoa é dor que fica
          Espetando qual espinho
          Esquecer é a melhor dica
          Viver, o melhor caminho.

           A mágoa corrói a mente
          Tatuando cicatrizes
          Guardá-la é tão somente
          Alimentar as raízes.

          Quem te feriu nem recorda
          O grande mal que causou.
          Vive de novo! Acorda!
          O que passou, já passou.

           "Careta fica na cara
           De quem faz" - diz o ditado
           Segue em frente, não encara,
           O rosto do mascarado.

           Há duas estradas na vida.     
           Uma chove, outra faz sol.      

           Nunca te dês por vencida          

           A escolha é teu farol. 

           Ficar lembrando o desgosto
           É guardar lixo na mente
           Criando rugas no rosto
           Sem desfrutar o presente

           A dor que agora permeia,
           Passará é mais que certo.
           Quem ferir, a si golpeia.
           Disse o Mestre no deserto. 

           “É livre a plantação
           Obrigatória a colheita”
           “Cada ação - uma reação.”  
           Faz boa cama e se deita.       

                          Rio, julho/2011. Jailda Galvão Aires 

          

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

GARIMPANDO TROVAS -Saudade - (Diversos Autores)

“Sejam de amor ou saudade
de tristeza ou de alegria,
as trovas são na verdade
o ABC da poesia!”


“Saudade - palavra doce,
Que traduz tanto amargor
Saudade é como se fosse
Espinho cheirando a flor”

“Um longo olhar que se lança
Numa carta ou numa flor:
Saudade, irmã da esperança,
Saudade, filha do amor.”

“Saudade – ventura ausente,
Um bem que longe se vê,
Uma dor que o peito sente,
Sem saber como e porquê.”

“Saudade ponte encantada
Entre o passado e o presente
Por onde a vida passada
Volta a passar novamente!”

“Na mais estreita amizade,
Sem a menor cerimônia,
À noite tua saudade
Vem deitar com minha insônia”

“Quem sofre o mal da saudade,
Não acha  alívio um momento,
Pois tem perto a enfermidade,
E longe o medicamento”.

“Quanto mais a vida avança,
Mais eu fico a compreender,
Que a saudade é uma lembrança
Que se esquece de morrer.”

“Ah, saudade! Se te pego
me vingo sem compaixão!
Dou-te esta dor que carrego
sozinho no coração!”

“Vi teu retrato . . . Revivo
um velho amor que foi meu.
A saudade é um negativo
de foto, que se perdeu.”

“Lembra a saudade uma estrela,
Nas águas de um ribeirão
Que fica sempre a retê-la,
Enquanto as águas se vão”

“Saudade!... Foto em pedaços,
Que eu colei com mão tremida,
Tentando compor os traços
De quem rasgou minha vida!”

“Entre a tua e a minha idade,
Filho meu, quanta distância...
- És a infância da saudade!
- Sou a saudade da infância!”

“Saudade – estranha ilusão
Que a solidão recompensa;
Presença no coração
Maior que a própria presença!”

“Morre o amor... o espólio é feito...
Tudo partido em metade;
Minha, inteira, por direito,
Só ficou mesmo a saudade.”

“Velhice é um tempo que encerra
Saudades e desenganos.
Por isso é que Deus, na Terra,
Só viveu trinta e três anos!”

“Saudade, ninguém por certo,
A definiu desse jeito:
- Saudade é um mundo deserto
Que temos dentro do peito!”

“Saudade lembrança triste
De tudo que já não sou...
Passado que tanto insiste
Em fingir que não passou!”

Saudade doi mas consola.
Mesmo fazendo sofrer
Mas quem não pediu esmola
A saudade, pra viver?