segunda-feira, 22 de junho de 2020

FOGUEIRAS DE SÃO JOÃO (INDRISO)

Até que a prima desse a luz
Maria, que carregava Jesus.
Ficou para ajudar Isabel

Acordou uma fogueira atear
Para que o noivo a viesse buscar
José seguiu a luz que tocava o céu

- As fogueiras surgiram então

Para homenagear São João

Rio, 23/06/20. Jailda Galvão Aires

quarta-feira, 17 de junho de 2020

SOFISMANDO

Me perco
no abismo
do "ismo"
se cismo,
cinismo
me vem 


Não nego
navego
trafego
enxergo

renego
O que é mal

Se a vida
vivida
não vale
a lida
quem vive
revive
espera
quem dera
que viva
melhor

No recanto
de um canto
me encontro
e o meu pranto
faz decanto
do sorriso
com a dor

Que faço?
navego
enxugo
meu pranto
enxergo
meu ego
e pronto,
me vou

E a vida
Somente
Bairrismo
Egoísmo
Racismo
Cinismo
Sofismo
Abismo
Só “ismos”
E só.
 

quarta-feira, 3 de junho de 2020

NÃO CONSIGO RESPIRAR (I can not breathe)

 " Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!" Mário Quintana

Todos passarão incólumes e sem arrependimentos.
Passarão com seu ódio, forrado de injustiça.
Com suas panças empanturradas de preconceito e de supremacia.
Intitulam-se uma raça superior apoiado num nazismo latente, mascarado.
George, mais um passarinho, jogado ao chão estrangulado.
Oito minutos com um joelho branco asfixiando seu pescoço
 
Um último balbucio rouco pediu misericórdia: 
- "Não consigo respirar."  "I can not breathe"
Com o rosto roxo da morte esgotou seu último suspiro.  

Como George, muitos sucumbem no mundo inteiro.
Porque nasceram negros, pobres, marginalizados.
Espremidos nos guetos da vida sem oportunidade e sem futuro
Tombam vítimas de balas certeiras com o nome de perdidas.  

Humanos, desumanos fardados, robotizados,  matam sem piedade
Humilham, torturam, xingam, estrangulam sonhos e vidas.
Enquanto cravam bala nos peitos, nas escolas e barracos.

O passarinho tombou, 
E neste instante, eis que, uma revoada se levantou.
E tomou a terra e clama ao céu por justiça.
O fogo da revolta se acendeu
Tomou fôlego e atravessou fronteiras
Incendiou o espinheiro da revolta
Gritando por justiça, igualdade. Respeito à vida.

O mundo mergulhado nas trevas do irracional
Precisa evoluir, crescer.
Despir-se do preconceito e das subdivisões
Compreender a igualdade de uma só raça.
A raça humana. 
Vinda da mesma argila. Do mesmo pó das estrelas.

George, Pedro, Jenifer, Ana, Ágata, Kauã...
Vidas inocentes, ceifadas, interrompidas,
Não voltam mais. Nem sonhos, nem vozes, nem sorrisos. 
Lágrimas de dor e de saudade minarão sobre a terra.
Eternamente.
Viverão no pulsar das nossas veias
Que carregam o mesmo sangue e a mesma pele.

Rio, 02 de junho de 2020
Jailda Galvão Aires