" Todos
esses que aí estão
Atravancando
meu caminho,
Eles
passarão...
Eu
passarinho!" Mário Quintana
Todos passarão incólumes e sem arrependimentos.
Passarão com
seu ódio, forrado de injustiça.
Com suas
panças empanturradas de preconceito e de supremacia.
Intitulam-se
uma raça superior apoiado num nazismo latente, mascarado.
George, mais um passarinho, jogado ao chão estrangulado.
Oito minutos com um joelho branco asfixiando seu pescoço
Um último
balbucio rouco pediu misericórdia:
- "Não consigo respirar." "I can not breathe"
Com o rosto
roxo da morte esgotou seu último suspiro.
Como George,
muitos sucumbem no mundo inteiro.
Porque nasceram
negros, pobres, marginalizados.
Espremidos nos guetos
da vida sem oportunidade e sem futuro
Tombam vítimas
de balas certeiras com o nome de perdidas.
Humanos, desumanos fardados, robotizados,
matam sem piedade
Humilham, torturam, xingam, estrangulam sonhos e vidas.
Enquanto cravam bala nos peitos, nas escolas e barracos.
O passarinho
tombou,
E neste instante, eis que, uma revoada se levantou.
E tomou a
terra e clama ao céu por justiça.
O fogo da revolta se acendeu
Tomou fôlego e atravessou fronteiras
Incendiou o espinheiro da revolta
Gritando por justiça, igualdade. Respeito
à vida.
O mundo mergulhado nas trevas do irracional
Precisa evoluir, crescer.
Despir-se do preconceito e das subdivisões
Compreender a igualdade de uma só raça.
A raça humana.
Vinda da mesma argila. Do mesmo pó das estrelas.
George, Pedro, Jenifer, Ana, Ágata, Kauã...
Vidas inocentes, ceifadas, interrompidas,
Não voltam mais. Nem sonhos, nem vozes, nem sorrisos.
Lágrimas de dor e de saudade minarão sobre a terra.
Eternamente.
Viverão no pulsar das nossas veias
Que carregam o mesmo sangue e a mesma pele.
Rio, 02 de junho de 2020
Jailda Galvão Aires