quinta-feira, 22 de outubro de 2015

MULTIVERSO VI - MEU SOL- (ALBAPA)


De repente, o infinito tornou-se finito.
Universos paralelos eclodiram.
Bilhões de novos céus surgiram
Parindo nebulosas e planetas
Içando trilhões de novas estrelas.

Nesta odisseia científica,
Como catalogá-las 
Se não podemos contá-las
Sendo impossível contê-las?!

No afã de novas descobertas
Guardiões de incontáveis galáxias
Picotaram a mais brilhante estrela
O esplendor da nossa Via Láctea!
O Astro Rei da minha escola,
O “solus” – de quinta grandeza
Diminuto ficou. Um grão de esfera!

Monstros caolhos bisbilhotando o céu
O apelidaram de Estrela Anã.

Quem se lembrará de chamá-lo “Coaraci”
Se Tupis e Guaranis nem existirão amanhã?

Minoraram a fonte doadora de vida.
O alimento vital de múltiplas espécies
Que ilumina a Terra e clorofila as matas
Bronzeia corpos nas praias infindas
Devolve a chuva aos mares e cascatas.

Quem pediu que dissecassem o meu céu
Que sendo único era finito e profundo
Começava e terminava na abóbada azul
A grande catedral do meu risonho mundo!

Quero de volta o meu céu de estrelas
Minha lua branca, translúcida e prateada.
Cheia de dragões e deuses esculpidos
Unindo corações em doces serenatas.

Quero minha tela azul com tufos de algodão
Formando bichos, monstros e fadas!
Olhos acompanhando os flocos branquinhos
Das crianças felizes brincando nas calçadas. 

Quero o reverso, o céu de minha infância,
Onde enfileiravam estrelas cadentes
Riscando o céu como fagulhas juninas!
Quero minha bola de fogo aclarando a redondeza.
A minha estrela de “primeira grandeza”
Que embalava meus sonhos dourados de menina.
                Jailda 04/06/2013


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

SEDUÇÃO (ALBAP)

Se sopras ao meu ouvido, árias de amor,
Hálito quente nos meus cabelos...
Másculas flores
Emanam odores
Que me enlouquecem
Se elas soubessem
- Pobre de mim.

Se roças a minha nuca tão sedutor
Cálido gesto de puro apelo
Meu corpo sente
Tua barba quente
Correm arrepios
Calor e frio
Sou só carmim.

Se beijas a minha boca com tanto ardor,
Tímida, enrosco qual um novelo
Sinto odores
De mil licores
E me embriago
Nos teus afagos
Sou tua, enfim.

Jailda Galvão Aires

sábado, 25 de julho de 2015

SAGA DOS NORDESTINOS

   Por horizonte: poeira.
   Terras secas e rachadas,
   Quebrando pás e enxadas,
   Sem cerca, eira e nem beira.
   Somente o sol por fronteira
   Castiga, queima, inferniza.
   Nenhum bafejo de brisa.
   Só o gemer da porteira.

   Já não existe parreira,
   Nem sombra, água ou abrigo.
   Só um imenso jazigo,
   De animais em fileira.
   Vazias, as algibeiras,
   Nos ombros secos de um forte,
   No chão - carcaça e morte.
   No céu - aves carniceiras.


   A fome leva à cegueira,  
   À criança – qual palito,
   Neste deserto maldito,
   Só raízes na chaleira.

   O gado morrendo à beira
   De um lodoso sequeiro.
   Nem mato ou capim rasteiro,
   Só fome, dor e caveira.
 


   Comendo rato e poeira.
   Coração triste, ofegante,
   Enrugam os pés e a fronte,
   Nem sentem a dor costumeira.
   Numa prece derradeira,
   Erguem as mãos ao infinito,
   Ninguém escuta o seu grito,
   Cala o céu e a terra inteira. 

   “ - Só nos resta uma maneira:
   Sampa ou Rio de Janeiro,
   Lá a gente faz dinheiro
   Nossos guris faz carreira
   Nós vorta. Vai que Deus queira.” 
   - Ilusão filha da peste!
   Não voltam mais pro nordeste.
   - São escravos de empreiteira. 

   A ascensão é herdeira,
   De uma elite que se elege.
   Mas só os bancos protege,
   Cueca, meia e carteira.
   Maquinam a vida inteira,
   Fraudando a “indústria da fome.”
   Mancham nome e sobre nome

   Sangrando nossas bandeira!  
   Rio, 25/07/2015.  Jailda Galvão Aires.   
 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

DIA DOS NAMORADOS

 
O amor não terá medida
Se os dois apaixonados
Se tratarem toda a vida
Como eternos namorado

sexta-feira, 5 de junho de 2015

AQUILATANDO MINHAS TROVAS

       
 
O celular é incerto
E as vezes destoante
Separa quem está perto
E aproxima o distante
       Jailda Galvão Aires