Se a causa é vã
Se a luta é vã
Se é vã a filosofia
Como manter este fio tênue
Que separa a razão da loucura
O amor que desafia o ódio
O prazer que sobrepõe a dor
A verdade que esconde uma incerteza
A abundância que gera toda a pobreza?
Se a causa é vã
Se a luta é vã
Se é vã a filosofia
Então a escolha torna-se vã
E a morte é a única certeza
que anula a veracidade da vida.
A única saída é tanger-se para além
de si mesmo
Fugir do universo das possibilidades
Onde o concretismo anule as
polaridades.
Se tudo é vão
Então a vida é vã
E, se a vida é vã
Somos fantoches manipulados por mãos
invisíveis
E teleguiados por inteligências
controladoras?
Incognoscíveis.
Quem inventou esta corda bamba
Por onde atravessamos como
equilibristas
Encurtando os passos, driblando o
vento
para não cair no abismo das próprias
conquistas?!
Que verdade é esta que se opõe a
realidade,
Questiona o fim e a razão de todas as
coisas
Manipulando as possibilidades?
Se a causa é vã
Se a luta é vã
Se é vã a filosofia...
A incerteza é a única certeza do que
eu tenho vivido
E a vida é só um palco por onde
desfilam incontáveis porquês.
E para quê?
- Para que ela tenha em si mesma
substancial sentido?!
Rio, 03 de maio de 2016. Jailda Galvão Aires