Terra seca e rachada,
Trincando a pá e a enxada,
Sem cercado e nem beira.
Tendo o sol por fronteira,
Que castiga e inferniza,
Nenhum sopro de brisa,
Só o gemer da porteira.
A velha e seca parreira,
Não dá sombra ou abrigo.
Forma um imenso jazigo,
De corpos em fileira.
Nenhuma algibeira,
No ombro de um forte,
Só carcaça e morte,
E aves carniceiras.
Não dá sombra ou abrigo.
Forma um imenso jazigo,
De corpos em fileira.
Nenhuma algibeira,
No ombro de um forte,
Só carcaça e morte,
E aves carniceiras.
Da fome à cegueira,
Na criança palito.
Neste sertão maldito,
Só raiz nas chaleira.
O gado, morre a beira
De um grande sequeiro.
Sem verde rasteiro,
Só fome e caveira.
Respirando poeira.
Segue em fila o retirante,
Sangrando pés e a fronte,
Numa dor costumeira.
Em prece derradeira,
Com as mãos pro infinito,
Ninguém escuta um só grito,
Surdo o céu, a terra inteira.
Segue em fila o retirante,
Sangrando pés e a fronte,
Numa dor costumeira.
Em prece derradeira,
Com as mãos pro infinito,
Ninguém escuta um só grito,
Surdo o céu, a terra inteira.
Há uma culpa cegueira,
Uma elite que se elege.
Mas só as meias protege,
Cuecas e algibeiras.
Compram suas cadeiras,
Com a indústria da fome,
Nas urnas um novo nome
A listar a roubalheira.
13/05/2010
2 comentários:
Um dos meua favoritos, mãe. ]]
Beijão
Amor, lí cuidadosamente todas as suas poesias, fiquei encantado pelo seu dom poético, todas são excelentes e primorosas, porém, ACUREI-ME mas no SONHO DE BEATRIZ, pois vivenciei vc dormindo em seu sonho de fantasia e me senti presente nele.
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