terça-feira, 14 de maio de 2024

NASCI MULHER

 Nasci mulher e sei domar a força.

com suaves gestos controlo o impossível,

a força bruta virá se for preciso

pra defender a cria e qualquer injustiça,

agiganto-me. Confesso. Perco o juízo.

 

Amo a paz e a doçura em que fui feita

De raios estelares sou luz no meu caminho

Desbravei o espaço e posei suave

Nas asas da cegonha adentrei voando

Escolhi o Planeta Azul e aconcheguei-me ao ninho

 

Fui feliz na minha infância e brinquei descalça

contando estrelas rodopiei na rua

vivi, dancei, cantei e cirandei na praça

adentrei florestas e conquistei castelos

fui colibri, vitória régia e gentil tapuia.

 

Frágil eu sou e mino lágrimas que caem

molhando a terra e regando as flores.

sou as estações da terra e as fazes da lua

sou maré cheia, cheiro de terra molhada.

sou barro, chão, presente, passado,

escrevendo o futuro em cada mão.

 

Sou mulher. Dualidade inevitável

ternura, força, garra e comunhão

quero ser este ser sempre mutável

que grita e chora, reclama, implora

ponderada, empoderada, óvulo e canção.

 Jailda Galvão Aires.  (13/05/24) Rio.



Nenhum comentário: