Nasci mulher e sei domar a força.
com suaves gestos controlo o impossível,
a força bruta virá se for preciso
pra defender a cria e qualquer injustiça,
agiganto-me. Confesso. Perco o juízo.
Amo a paz e a doçura em que fui feita
De raios estelares sou luz no meu caminho
Desbravei o espaço e posei suave
Nas asas da cegonha adentrei voando
Escolhi o Planeta Azul e aconcheguei-me ao ninho
Fui feliz na minha infância e brinquei descalça
contando estrelas rodopiei na rua
vivi, dancei, cantei e cirandei na praça
adentrei florestas e conquistei castelos
fui colibri, vitória régia e gentil tapuia.
Frágil eu sou e mino lágrimas que caem
molhando a terra e regando as flores.
sou as estações da terra e as fazes da lua
sou maré cheia, cheiro de terra molhada.
sou barro, chão, presente, passado,
escrevendo o futuro em cada mão.
Sou mulher. Dualidade inevitável
ternura, força, garra e comunhão
quero ser este ser sempre mutável
que grita e chora, reclama, implora
ponderada, empoderada, óvulo e canção.
Jailda Galvão Aires. (13/05/24) Rio.
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