segunda-feira, 12 de abril de 2021

DRAMA NORDESTINO

Racha o sol

teiú no anzol

madrugada

pé na estrada

meio dia

barriga vazia

três horas

a fome aflora 

vinte horas

vai embora

vem à noite

outro açoite

já em casa

lenha na brasa

preparo o rango

palma e calango

chama a filharada

corre a ninhada

comem o lagarto

lambem o  prato

Jão traz água

mãos em chagas

a lua espia

a pobre Maria

todos na esteira

à noite inteira

escola tem não

enxada na mão

vai ano entra ano

o mesmo abandono

manhã descortina

abre a cortina

a mesma rotina

fecha a cortina.

Jailda Galvão Aires Rio (17/04/21


Nenhum comentário: