Tem dias que a gente se sente
um náufrago perdido
sem leme
sem rota,
ao sabor do vento
sem direção.
um partir que não parte
um ficar que não fica...
uma pedra com limo
que escorrega da mão.
tem dia que a gente voa
numa gaiola apertada
sem sol
sem sombra
sem água
sem alpiste
um voar que não voa
um náufrago atrelado
asas sem plumas
um resistir que não resiste
tem dias que a gente canta
com a voz embargada
sem som
sem eco
sem acorde
um rouco bemol
um bocejo espremido
um dó sem ré
um lá sem mi
só dó de si, sem sol.
e a vida
sem vida
demora a passar
num partir sem ficar
num ficar sem partir
num murmúrio sem cantar.
J G Aires 12/04/2021
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