- Vivemos entre dois extremos
o infinito e o nada
do mesmo nada que se fez tudo! - Paradoxal? Incoerente?
- olhamos o céu com bilhões de galáxias
- e cada galáxia abriga bilhões de estrela.
- Para que tantos astros se só a terra é habitada?
- Para que o homem contemple
- De onde viemos e para onde vamos?
- Somos resíduos de meteoros que a atmosfera ralou?
- Lixo cósmico, poeira de uma estrela de/cadente?
quarta-feira, 14 de abril de 2021
O HOMEM ENTRE O INFINITO E O NADA
segunda-feira, 12 de abril de 2021
FALE BAIXINHO
Não, não grites
o amor é tão sensível
fale baixinho
devagarinho
vai que ele acorde
se apavore
fuja de mansinho
e nunca mais retorne.
Não, não grites
alegra-te em silencio
murmura como eu
que ouço o peito teu
Vai que ele acorde
se apavore
fuja de mansinho
e nunca mais retorne
Não, não grites
suspire apenas
dorme por favor
no seio do nosso amor
deixa que transborde
jamais discorde
fique de mansinho
e nunca mais acorde.
Rio, 26/04/2021
Jailda Galvão Aires
DRAMA NORDESTINO
Racha o sol
teiú no anzol
madrugada
pé na estrada
meio dia
barriga vazia
três horas
a fome aflora
vinte horas
vai embora
vem à noite
outro açoite
já em casa
lenha na brasa
preparo o rango
palma e calango
chama a filharada
corre a ninhada
comem o lagarto
lambem o prato
Jão traz água
mãos em chagas
a lua espia
a pobre Maria
todos na esteira
à noite inteira
escola tem não
enxada na mão
vai ano entra ano
o mesmo abandono
manhã descortina
abre a cortina
a mesma rotina
fecha a cortina.
Jailda Galvão Aires Rio (17/04/21
NADEAR
De manhã
Só Divã
De dia
Apatia
De tarde
O sol arde
entardecer
só comer
De noite
amoite
Madrugada
Balada
Amanhã
Hortelã.
Segunda
barafunda
terça,
ponta-cabeça
Quarta
mesa farta
Quinta
ressuscita
sexta
seresta
sábado
animado
domingo
bingo
Pra semana
outra cana
Para o mês
talvez
Para o ano?
que tirano?
trabalhar?
nem pensar
Eu berro!
ninguém é de ferro.
pernas pro ar
Só quero amar
viver e filosofar.
Jailda Galvão Aires
APATIA
Tem dias que a gente se sente
um náufrago perdido
sem leme
sem rota,
ao sabor do vento
sem direção.
um partir que não parte
um ficar que não fica...
uma pedra com limo
que escorrega da mão.
tem dia que a gente voa
numa gaiola apertada
sem sol
sem sombra
sem água
sem alpiste
um voar que não voa
um náufrago atrelado
asas sem plumas
um resistir que não resiste
tem dias que a gente canta
com a voz embargada
sem som
sem eco
sem acorde
um rouco bemol
um bocejo espremido
um dó sem ré
um lá sem mi
só dó de si, sem sol.
e a vida
sem vida
demora a passar
num partir sem ficar
num ficar sem partir
num murmúrio sem cantar.
J G Aires 12/04/2021