sexta-feira, 17 de julho de 2020

EU CISCO CÓSMICO

Num vendaval de poeira
Atravessei a atmosfera
venci o oceano interestelar
E aterrissei na Terra.

Pra que vim não sei.
Pois nunca me encontrei.
Vivo bipolaridades
Sem ter a certeza de quem realmente sou.
Se eu cumpro a missão para a qual jurei.
Ou remoo a angustia pensando que falhei.

Tortura-me o vazio porque a vida é curta
Dura o clique de um estalar de dedos
Foram tantos os sonhos desenhados
Tantos caminhos bifurcados.
Que me agachei entre sombras e rochedos.

A vida me foi um eterno vestibular.
Engavetei meu diploma joguei a chave fora.
Não encontrei respostas em filosofar.
Sacudi as mãos. Cruzei os braços.
Supondo partir sem ter ido embora.

A tesoura do tempo podou todos os ramos
E os sonhos rodaram moinhos enferrujados
As possibilidades cortadas pelas incertezas.
Desceram sufocadas em meio as correntezas.  

Este cisco microcósmico que aqui está
Ao pó do infinito um dia voltará
Que é a vida senão frações de estrelas
Que a terra se incumbirá em devolvê-las?
Rio, 15 de julho de 2020.



Nenhum comentário: