Quantas
lembranças eu tenho
Arquivadas
no meu peito
Pretérito
mais-que-perfeito
Vivências
que não tem fim.
Recordações
que parecem
Estrelas
que resplandecem
E
brilham dentro de mim
Quantas
saudade eu tenho
Da minha eterna criança
Da
casa e da vizinhança
Do
lugar onde vivi
Da
Itamotinga dourada
Montanhas
esbranquiçadas
Pedra
em tupi-guarani
São
lembranças tão ditosas
Os dias de minha infância,
Da casa, guardo a fragrância,
Tão
bela como um poema
Cada
mano que chegava
As
roupinhas perfumadas
Com
incenso de alfazema
Quão
alegres eram os dias
E
as noites de São João
Estrelas
beijando o chão
Canjica
e mungunzá
Ruas
cheias de fogueiras,
Fogos,
forró, brincadeiras,
Itamotinga
a dançar.
Como
esquecer o Natal?!
No
presépio os sapatinhos
Esperando
os presentinhos
Uma
alegria sem igual
A
noite o carrossel,
Comidas,
doces a granel,
Festança
no arraial.
Jayme
Galvão e Zildinha
Faziam
a festa inteira
Dirigiam
a brincadeira
Numa
alegria sem igual
Barracas,
doce a granel,
Sanfona
no carrossel
Festança
no arraial,
Eu
gostava de aprontar,
Com
minhas caras irmãs,
Que
ao despertar de manhã,
Lá
no teto balançando,
Suas
bonecas. Coitadas!
Tão
belas, mas, enforcadas,
Saiam
as duas chorando.
E
os roletes de cana
Os
grandes eram só meus,
Das
manas se via o céu
Pois
os cortava fininho,
E
os canudos de mamão
Eu
ficava com o grandão
Bebia
a água sozinho.
E
a guerra de mamona
Eu
no alto da mangueira
Manos
no chão em fileira.
Embaixo
chumbo levando,
Tonho
e Chico - os caçulas,
Apanhavam
como mulas,
Eu
só sorrindo e atacando
De
Sampa, a mercadoria,
Trazida
pela manada
Deixava
a praça tomada
Gente
por todos os lados,
À
noite nossa família
No
salão se reunia
Pondo
o preço avaliado.
“De
camisa aberta ao peito”
No
riacho, em pleno sol,
Pescava
com meu anzol,
Piaba
e peixe miudinho
Saia
às escondidas
Fugindo
de mamãe Zilda.
Retornava
de mansinho.
Nosso
Padrinho Etelvino
Parecia
um adivinho
Chegava
bem de mansinho
Quando
o coro ia cantar.
Nos
livrava do castigo.
Até
hoje ainda bendigo.
O
meu padrinho chegar.
Assim
vivi minha infância
Jogando
bola na rua
Ao
clarão da grande lua
Clareando
o arraial
Pique
esconde, e pelada,
Guerra
com a molecada
Gude
e batalha naval.
Certo
dia eu me dei conta,
Que
minha infância fugia,
Para
Ilhéus eu partiria
Pra
estudar de verdade
Papai
dormiu ao meu lado
Os
dois deitados abraçados
Soluçando
de saudade.
Partimos
em dois cavalos
Numa
tristeza sem fim
Pensava
dentro de mim
Viver
sozinho eu vou.
Moraria
num internato,
Para
alegria, de fato,
Tia
Nair me adotou.
E
assim meus oito anos
Bem
descrito por Abreu
Confesso
encontrei o céu
Em
cada verso descrito
A
minha infância querida.
Guardarei
por toda a vida
Os
anos mais que benditos.
De:
Jailda Galvão Aires
Para
Renato Andrade Galvão
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