Sou leoa aloprada que nunca descansa
mesmo dormindo o meu inconsciente
fica atento ao inaudível ruído
que vem das fendas do desconhecido.
se fecho os olhos farejo o ar vertente
advindo dos raios de algum sol poente.
tatuo as rosas sem ferir as mãos
meu sexto sentido prioriza escolhas
seguindo e aperfeiçoando intuições
Desembarcou do ônibus sentindo a tontura dos viajantes. Horas de balanço constante, acelera e freia, sobe e desce, motor que ronca numa constante e gente que por vezes grita e sussurra. O calor e o frio se misturam dentro do espaço acondicionado sem ar.
sozinha, quantas vezes fiquei no meio da estrada
- O coletivo velho e ruidoso de tanto galopar buracos, enguiçava.
viajantes desciam da nave carcumida à espera de uma carona.
O frio do inverno do sul da Bahia era gélido de doer os ossos.
vaga-lumes piscavam no asfalto esburacado.
O ruído umbrático da noite piava e farfalhava.
enfrentei o medo e peguei carona com conhecidos
ou na boleia de ignotos mas educado caminhoneiros.
mesmo atrasada cheguei a faculdade
e se para Nietzsche “Deus está morto”
e esta era a única questão, versei`a prova, em vinte minutos
conquistando meu suado e trabalhado diploma
se por quarenta anos engavetei conhecimentos
filosofei e versei alegrias e tormentos.
Trago nos ombros o peso do mundo
sentindo a dor humana atravessada em mim.
sofrendo e lamentando por ser assim
que Deus perdoe este ser infecundo.
percorri caminhos que não escolhi.
a vida me pregou peças. Lutei até o fim.
feliz por inteiro quem o é nesta vida?
incoerente, incongruente, sem freio
entre atalhos e pedras não encontrei saída,
Mas sei que valeu a pena... E como valeu.
Jailda Galvão Aires (Rio. 17705/2024)
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