Quantos olhos cruzam nossos olhos
no decorrer da vida
olhos azuis, negros, castanhos,
olhos verdes , oblíquos, repuxados
passam perdidos olhando o espaço
vagos, indiferentes, frios, embaçados.
Só os que têm os olhos de olhar
percebem a beleza que tanto fascina
presente no céu, no miosótis da esquina
nas flores pungentes dos ramos travessos
nas asas sutis das borboletas dançantes
bordadas com dedos de fadas
espelhando as cores cintilantes,
roubadas das estrelas mais distantes.
Quantos olhos perfeitos que não vêm
porque não olham com os olhos do coração
quantos cegos privados da visão
vêm mais que os mais perfeitos olhos
na sutileza e na sensibilidade do tato
na leveza dos dedos, nas mãos a tocar
no perfume que exala e adoça os sentidos.
na essência que a alma cria e recria
olhando e enxergando sem os olhos do olhar.
Jailda Galvão Aires. 2023
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